A valorização docente como caminho para a qualidade educacional
O debate sobre a escassez de professores qualificados ultrapassa as fronteiras nacionais e se configura como uma preocupação planetária. Estimativas da Unesco (2022) apontam que, até 2030, o mundo precisará de cerca de 44 milhões de docentes adicionais para cumprir as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com maior impacto nos países em desenvolvimento. A crise no magistério representa, assim, um entrave significativo ao avanço educacional e ao desenvolvimento socioeconômico das nações.
O cenário global e suas causas
A atratividade da carreira docente tem se mostrado baixa em diversos contextos, mesmo em países que oferecem salários relativamente elevados (SCHLEICHER, 2019). O caso de Luxemburgo, que paga bem seus professores, mas enfrenta dificuldades para preencher as vagas, ilustra essa realidade. Por outro lado, na Finlândia, onde os salários são mais modestos, há alta procura pelas vagas na docência, o que evidencia que o status social e o reconhecimento da profissão são fatores determinantes na escolha e na permanência na carreira.
Entre as principais causas da escassez de professores, destacam-se os baixos salários, as precárias condições de trabalho, a desvalorização social da carreira e a carência de políticas de formação inicial e continuada articuladas à prática pedagógica (COSTIN, 2021). A pandemia de Covid-19 agravou o quadro, ao intensificar o estresse e o desgaste emocional dos docentes, levando muitos a abandonar a profissão.
Caminhos para transformar a realidade
A experiência internacional aponta que a superação da escassez docente exige estratégias integradas. Programas de mentoria, como os praticados na Coreia do Sul e em Cingapura, mestrados profissionais com foco na prática pedagógica e políticas que promovam o desenvolvimento profissional colaborativo são iniciativas que podem servir de inspiração (UNESCO, 2023).
No Brasil, apesar de esforços como o Programa Mais Professores, o risco de um apagão docente permanece e exige medidas mais robustas, incluindo planos de carreira estruturados, bolsas para licenciandos e ações que elevem o prestígio da profissão (CALLEGARI, 2023).
Síntese e perspectivas
O futuro da educação depende, em grande medida, do reconhecimento do professor como agente central na construção de sociedades mais justas e desenvolvidas. Reverter o quadro de desvalorização docente não é apenas uma necessidade educacional, mas um compromisso ético com as próximas gerações. Para isso, é urgente que governos, sociedade civil e comunidade escolar atuem de forma articulada na valorização e no apoio aos educadores.
Referências:
CALLEGARI, Cesar. O papel do professor no desenvolvimento nacional. Conselho Nacional de Educação, 2023. Disponível em: https://www.cne.gov.br. Acesso em: 24 jun. 2025.
COSTIN, Claudia. Educação de qualidade: políticas e práticas. São Paulo: Moderna, 2021.
SCHLEICHER, Andreas. Valorizar o professor: experiências e lições do PISA. Paris: OCDE, 2019.
UNESCO. Global Teacher Shortage: Progress and Challenges. Paris: Unesco, 2023.
Por Kognitiv Consultoria Educacional e Psicológica
24/05/2025